Em um ambiente corporativo em constante transformação, a ética, a cultura e o propósito tornaram-se pilares fundamentais para a construção de empresas que buscam não apenas prosperar economicamente, mas também gerar impactos positivos na sociedade. Esses elementos estão intrinsecamente conectados à governança corporativa, que, por meio de princípios claros e boas práticas, estabelece um modelo de gestão comprometido com a sustentabilidade, a integridade e a transparência. Este artigo explora a relação entre ética, cultura organizacional e propósito nas empresas, destacando como essas dimensões influenciam a governança corporativa, além de discutir as tendências da nova cultura organizacional e como promover mudanças efetivas dentro das organizações.
A ética é um pilar fundamental da Governança Corporativa. As empresas devem agir de forma ética, transparente e responsável, respeitando as leis, os regulamentos e os valores da sociedade. A ética na Governança Corporativa se manifesta em diversas áreas, como na relação com os clientes, na proteção ao meio ambiente e na prevenção de fraudes e corrupção.
Para compreender os fundamentos da ética nas empresas, é essencial diferenciar moral, ética e direito, conceitos que lidam com o certo e com o errado, mas que possuem significados distintos:
- Moral é o conjunto de valores, costumes e crenças que orientam o comportamento dos indivíduos em uma sociedade. Ela é subjetiva e varia de acordo com fatores como cultura, religião e história. Moral é o modo pessoal de agir, formada ao longo da vida por experiências e guiada pela consciência do indivíduo. A moral é o que fundamenta a Ética.
- Ética, por sua vez, refere-se a uma reflexão filosófica sobre a moral. Trata-se de um conjunto de princípios e valores universais que norteiam a conduta humana, buscando o bem comum e a justiça. Ética é o modo social de agir, implicando no consenso e na adesão da sociedade, e guiada pela cultura da sociedade. A ética se constrói a partir do consenso de várias “morais”.
- Direito é o conjunto de normas jurídicas estabelecidas pelo Estado, com o objetivo de regulamentar o convívio social. Diferentemente da moral e da ética, o direito é coercitivo, ou seja, seu cumprimento é obrigatório e passível de sanção em caso de descumprimento. Direito é o modo legal de agir, imposto aos cidadãos, exigindo cumprimento e obediência, guiada pelas instituições judiciais (leis).
No contexto empresarial, a ética transcende a obediência à lei e orienta decisões e comportamentos que vão além das obrigações legais, promovendo um ambiente de confiança e respeito entre as partes interessadas.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) lançou o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, um guia que apresenta cinco princípios fundamentais para a gestão ética e eficiente das organizações:
- Integridade: Base para a construção de confiança, exige que as organizações ajam de forma honesta, ética e coerente com seus valores.
- Transparência: Envolve a clareza na comunicação de informações relevantes, indo além das exigências legais, para garantir uma relação de confiança com os stakeholders.
- Equidade: Refere-se ao tratamento justo e imparcial de todos os envolvidos, independentemente de interesses ou posições hierárquicas.
- Responsabilização (Accountability): Garante que os líderes assumam a responsabilidade por suas decisões e ações, promovendo uma gestão ética e eficiente.
- Sustentabilidade: Enfatiza a necessidade de alinhar os objetivos econômicos, sociais e ambientais das organizações para garantir sua longevidade.
Esses princípios são essenciais para a construção de organizações éticas e sustentáveis, que priorizem a criação de valor a longo prazo.
Cultura Organizacional e sua Importância
A Cultura Organizacional pode ser definida como a combinação de comportamentos, atitudes, missão, visão, valores, crenças, normas e expectativas que guiam uma organização diariamente, no intuito de alinhar o comportamento, as expectativas e engajamento dos colaboradores ao propósito da empresa. Ela é um reflexo da identidade da organização e influencia diretamente os resultados, a motivação dos colaboradores e até mesmo a percepção pública da empresa. A Cultura Organizacional serve também para:
- Modelar a identidade e a personalidade da empresa que inclui valores, crenças, normas e comportamentos compartilhados;
- Influenciar as interações internas e externas dos funcionários e colaboradores;
- Definir como a empresa lida com desafios e toma decisões e impactar de forma como a empresa opera e se adapta a mudanças.
Existem diferentes tipos de cultura organizacional, que determinam como as empresas operam e se relacionam internamente:
- Cultura do Poder: Baseada no controle centralizado, onde as decisões são tomadas por líderes influentes. É eficiente em cenários de resposta rápida, mas pode gerar dependência excessiva da liderança.
- Cultura de Papéis: Focada na estrutura, regras e responsabilidades bem definidas. É comum em organizações burocráticas, mas pode limitar a flexibilidade e a inovação.
- Cultura da Tarefa: Centrada em projetos e resultados, onde equipes são formadas para alcançar objetivos específicos. É dinâmica e adaptável, mas pode negligenciar o bem-estar individual.
- Cultura da Pessoa: Valoriza os indivíduos acima da organização, promovendo autonomia e desenvolvimento pessoal. É ideal para empresas criativas, mas pode dificultar a coordenação em larga escala.
Cada tipo de cultura tem suas vantagens e desafios, cabendo às empresas avaliar qual modelo é mais adequado para seus objetivos e contexto.
Na era contemporânea, as empresas estão migrando para uma Nova Cultura Organizacional, caracterizada por:
- Foco em Propósito: As empresas estão alinhando suas ações a um propósito maior, que vá além do lucro, como a sustentabilidade e o impacto social.
- Diversidade e Inclusão: Promover ambientes diversos e inclusivos se tornou uma prioridade estratégica.
- Colaboração e Inovação: Estímulo a modelos de trabalho mais colaborativos, com maior autonomia e foco na inovação contínua.
- Flexibilidade e Digitalização: Adoção de novas tecnologias e práticas de trabalho remoto, adaptadas às necessidades dos colaboradores.
Essas tendências têm implicações diretas na Governança Corporativa, que precisa se adaptar a novos modelos de liderança, gestão e tomadas de decisão mais inclusivas e ágeis.
Estudar a cultura organizacional nos conselhos consultivos e nas empresas é essencial, pois a cultura impacta as decisões estratégicas e a implementação de mudanças. Uma cultura forte e alinhada com os objetivos e propósitos da empresa pode impulsionar o desempenho e a inovação. Por outro lado, uma cultura desalinhada pode criar resistências, conflitos e desafios para a governança corporativa.
Quando e Como Mudar a Cultura Organizacional
Mudar a cultura organizacional é necessário quando os valores e comportamentos da empresa não estão mais alinhados com seu propósito, seus objetivos estratégicos ou com as demandas do mercado. Essa mudança deve ser conduzida por profissional especializado, de forma planejada e cuidadosa, envolvendo:
- Diagnóstico: Identificar os aspectos da cultura que precisam ser ajustados;
- Alinhamento ao Propósito: Garantir que a nova cultura esteja conectada ao propósito da organização;
- Engajamento da Liderança: Líderes devem ser os principais agentes da mudança cultural;
- Comunicação Clara: Explicar os motivos e benefícios da mudança para todos os colaboradores;
- Treinamento e Desenvolvimento: Promover a capacitação para internalizar os novos valores e comportamentos;
- Sustentação: Persistência para sustentar a implementação e a consolidação da mudança.
O Propósito é um dos fatores mais poderosos para impulsionar mudanças organizacionais. Ele funciona como um guia estratégico, que conecta os colaboradores a uma visão clara e inspiradora. Empresas com um propósito bem definido conseguem engajar melhor suas equipes, construir relações de confiança com os stakeholders e se adaptar mais rapidamente a cenários de transformação. Por isso é essencial que a nova cultura esteja totalmente alinhada ao propósito da organização.
A construção de empresas éticas, com uma cultura organizacional forte e alinhada a um propósito claro, é essencial para enfrentar os desafios do mundo moderno. A ética, a governança corporativa e a cultura organizacional são pilares que, quando bem estruturados, criam organizações resilientes, inovadoras e preparadas para gerar valor sustentável.
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